“NO TERCEIRO DIA, UMA LUZ VINDA DOS CONFINS DO UNIVERSO, COMO UM METEORO, VAI DIRETO ATÉ O SEPULCRO, QUANDO UM ESTRONDO SACODE A TERRA, AFASTANDO A ENORME PEDRA QUE O SELAVA, E OS GUARDAS ROMANOS FICAM ATORDOADOS. A LUZ ENTÃO ENTRA NO CORPO INERTE DE JESUS, QUE EM SEGUIDA LEVANTA, TRANSPASSANDO OS PANOS DA MORTALHA COM SEU CORPO IMATERIAL FULGURANTE. RESSUSCITANDO DOS MORTOS COM UMA MATÉRIA INCORPÓREA DE INTENSA LUZ, CONHECIDA APENAS POR DEUS, DE UMA BELEZA INDESCRITÍVEL.”

sábado, 5 de agosto de 2017

EU SOU A FONTE DA ÁGUA VIVA


TERCEIRO ANO DA VIDA PÚBLICA DE JESUS

EU SOU A FONTE DA ÁGUA VIVA

Enquanto isso, a multidão vai aumentando, sempre mais. Jesus levanta a cabeça e fica olhando. Como o pórtico está alguns degraus mais acima, Ele mesmo que esteja sentado no chão, pode dominar uma boa parte do Pátio por aquele lado, e vê rostos e mais rostos.
Ele se põe de pé, e diz em alta voz, com toda aquela sua voz trovejada e forte: “Quem tem sede, venha a Mim, e beba. Do seio daqueles que crêem em Mim jorrarão rios de água viva.”
Sua voz enche o amplo pátio, atravessa as esplêndidas séries de pórticos, e  certamente também as deste lado, propaga-se para além delas, domina qualquer outra voz, como um trovão harmonioso e todo cheio de promessas. Ele fala depois se cala por alguns instantes, como se tivesse querido somente anunciar qual vai ser o assunto do sermão, e dar tempo a quem não sente interesse de ouvi-lo, para que se vá embora, e não fique perturbando depois. Os escribas e os doutores estão calados, isto é, abaixaram suas vozes, até chegarem a um sussurro que com certeza é maldoso. Não estou vendo Gamaliel.
Jesus vai para a frente, atravessando o semicírculo, que se abre à sua chegada, para fechar-se logo as suas costas, transformando-se de um semicírculo em um anel. Ele vai caminhando devagar, com majestade, Parece ir deslizando por sobre os mármores multicores do pavimento, com o seu manto um pouco afrouxado, que vai fazendo atrás dele uma espécie de cauda. Levanta o braço direito, no seu gesto habitual de quando vai começar a falar, e, ao mesmo tempo, com a esquerda espalmada sobre o peito, acomoda em seu lugar o manto.
Ele repete as palavras iniciais: “Quem tem sede, venha a Mim, e beba. Do seio daqueles que crêem em Mim jorrarão rios de água viva! Aquele que viu a teofania do Senhor, o grande Ezequiel, sacerdote e profeta depois de ter visto como profeta os atos impuros na casa profanada do Senhor, depois de ter sempre profeticamente, visto que só os assinalados com o Tau é que serão os viventes da verdadeira Jerusalém, enquanto que os outros só conhecerão uma e uma carnificina, só uma e uma condenação, um só e um castigo—o tempo está perto, ó vós que ouvis, está perto, mais perto do que vós pensais, e por isso Eu vos exorto, como Mestre e Salvador, a não tardardes a por em vós o Sinal que salva, a não tardardes a pôr em vós a Sabedoria, a não tardardes a arrepender-vos e a chorar por vós e pelos outros, a fim de poderdes salvar-vos. Ezequiel, depois de ter visto tudo isso, e mais ainda, fala de uma terrível visão. A dos ossos ressequidos.
Um dia virá em que, sobre um mundo morto, sob um firmamento apagado, aparecerão, ao toque da trombeta dos anjos, ossos e mais ossos dos mortos. Como um ventre que se abre para parir, assim a terra expelirá de suas vísceras todos os ossos dos homens que morreram sobre ela, e foram sepultados no seu barro, desde Adão até o último homem. E, então, será a ressurreição dos mortos, pelo grande e supremo julgamento, depois do qual, como uma maça de Sodoma, o mundo se esvaziará, tornando-se um nada, e terá fim o firmamento com os seus astros. Tudo terá fim, menos duas coisas eternas, distantes, que estão nas extremidades de dois abismos de uma profundidade incalculável, e, uma antítese total, na forma e na aparência, e no modo com que neles se prosseguirá para sempre o poder de Deus: o Paraíso, que é luz, alegria, paz e amor. E o Inferno, trevas, dor, horror e ódio.
Mas acreditais vós que, visto que o mundo ainda não morreu, e as trompas dos anjos ainda não tocaram a recolher e que o imenso campo da terra não esteja já coberto dos ossos sem vida, excessivamente dessecados, separados e mortos, bem mortos? Em verdade Eu vos digo que assim é entre os viventes, porque eles ainda respiram, inumeráveis são os que são semelhantes a uns cadáveres, aos ossos áridos que foram vistos por Ezequiel. Quem são eles? São aqueles que não têm em si a vida do espírito.
Há desses em Israel, como em todo o mundo. E que, entre os gentios e idólatras não haja mais do que mortos, que estão esperando receber a Vida, é uma coisa natural, e preocupa somente aqueles que possuem a verdadeira Sabedoria, pois esta os faz compreender que o Eterno criou as criaturas para Ele, e não para as idolatrias, e se aflige por ver tantos deles na morte. Mas, se o Altíssimo tem essa preocupação, que já é tão grande, quanto maior não será a dor que sofre por aqueles do seu povo que são uns ossos esbranquiçados, sem vida, sem espírito?
Os eleitos, os prediletos, os protegidos, os nutridos, por Ele diretamente instruídos, ou por seus servos os profetas, porque haverão de ser, culpavelmente, uns ossos áridos, quando para eles sempre correu um fio de água vital, vindo do Céu e que os abeberou de Vida e Verdade. Por que eles ficaram assim dessecados, plantados que foram na terra do Senhor? Por que o espírito deles há de ser morto, quando o Espírito Eterno pôs à disposição deles um tesouro espiritual, para nele se abeberassem, e vivessem? E eles, com que prodígio poderão voltar à Vida, se deixaram de lado as fontes, as pastagens, as luzes dadas por Deus, e ficam tacteando na escuridão, bebendo da água de fontes não puras, e comendo de pastagens não santas?
Não voltarão nunca mais a ser vivos? Sim. Em nome do Altíssimo Eu o juro. Muitos ressuscitarão. Deus já preparou o milagre, e ele já está em ação, já foi operado sobre alguns, e alguns ossos ressequidos já foram revestidos de vida, porque o Altíssimo, ao qual nada é proibido, manteve sua promessa, e a mantém, e cada vez mais a completa. Ele, do alto dos Céus, grita a esses ossos que estão esperando: “Eis que Eu vou infundir em vós o espírito, e vivereis.” E lançou mão do seu Espírito, Lançou mão de Si mesmo, e formou uma carne para revestir a palavra, e a mandou a esses mortos, a fim de que, falando a eles, de novo se infundisse neles a Vida.
Quantas vezes, durante séculos, Israel gritou: “Nossos ossos ficaram ressequidos, nossa esperança morreu, estamos segregados!” Mas toda promessa é sagrada, toda profecia é verdadeira. Eis chegado o tempo, no qual o Enviado de Deus abre as tumbas, para tirar delas os mortos e dar-lhes vida de novo, para levá-los consigo para o verdadeiro Israel, para o Reino do Senhor, o Reino do Pai meu e vosso.
Eu sou a ressurreição e a Vida! Eu sou a luz que veio para iluminar aos que jaziam nas trevas! Eu sou a fonte da qual jorra a Vida Eterna. Quem vem a Mim, não conhecerá a Morte. Quem tem sede de vida, venha e beba. Quem quer possuir a Vida, isto é, Deus, creia em Mim, e do seu seio jorrarão, não umas gotas, mas rios de água viva. Porque quem crê em Mim, formará comigo o novo Templo, do qual nascerão as águas salutares de que fala Ezequiel.
Vinde a Mim, ó povos! Vinde a Mim, ó criaturas! Vinde para formar um único Templo, porque Eu não repilo a ninguém, mas, por amor vos quero comigo, no meu trabalho, nos meus merecimentos, na minha glória.
“E eu vi as águas, que nasciam por debaixo da porta da casa, do lado do oriente... E as águas desciam pelo lado direito, ao sul do altar.”
Aquele Templo são os que crêem no Messias do Senhor, no Cristo, na Lei Nova, na Doutrina do tempo da Salvação e da paz. Assim como de pedras são formadas os místicos muros do Templo, assim de espíritos novos serão formados os místicos muros do Templo, que não morrerá nunca, e que da terra se elevará ao Céu, como o seu Fundador depois da luta e da prova.
Aquele altar do qual jorram as águas, aquele altar do lado do oriente, sou Eu. E as minhas águas brotam do lado direito, porque o lado direito é o lugar dos que foram eleitos para o Reino de Deus. Brotam de Mim, para se derramarem nos meus eleitos, e os tornarem ricos das águas vitais, e portadores delas, espalhadores delas para o norte e para o sul, para o oriente e para o ocidente, para darem vida à terra, em seus povos, que estão esperando a hora da Luz, a hora que está para chegar, que infalivelmente virá para todos os lugares, antes que a Terra deixe de existir.
Jorram e se espalham as minhas águas, misturadas com as que Eu mesmo dei, e darei aos meus seguidores, e, ainda que sejam espalhados para beneficiar a terra, estarão unidas em um só rio da Graça, sempre mais profundo, sempre maior, crescendo cada dia mais, passo a passo, com aquelas águas, que são os novos seguidores, até se tornarem como um mar, que banhará todos os lugares, a fim de santificar toda a terra.
Deus quer isso. E Deus faz isto. Um milagre. Um dilúvio já lavou o mundo, dando morte aos pecadores. Um dilúvio, com outro líquido que não é a chuva, lavará o mundo, dando-lhe Vida. E, por uma misteriosa ação de graças, os homens poderão ser uma parte daquele dilúvio santificador, unindo suas vontades à minha, suas fadigas à minha, seus sofrimentos aos meus. E o mundo conhecerá a Verdade e a Vida. E quem quiser participar delas poderá. E somente quem não quiser ser nutrido pelas águas da vida, se tornará um lugar brejento e pestilencial, ou permanecerá assim, e não chegará a conhecer as gordas colheitas dos frutos da graça, da sabedoria, da salvação, que irão conhecer aqueles que viverem em Mim.
Em verdade Eu vos digo, mais uma vez, que quem tem sede e vem a Mim, beberá e não terá mais sede, porque a minha Graça fará nascer dele fontes de rios de água viva. E quem não crê em mim perecerá, como numa salina, onde a vida não pode subsistir.
Em verdade Eu vos digo que, depois de Mim, não cessará a fonte, porque Eu não morrerei, mas viverei, e depois que Eu me tiver ido embora, ido embora, e não morrido, para abrir as Portas dos Céus, um outro virá, que é igual a Mim, e que completará a minha obra, fazendo-vos compreender o que Eu vos disse e incendiando-vos para fazer de vós “luzes”, visto que tereis recebido a Luz.”
Jesus se cala.


(de Jesus à Valtorta, Vol 7. Pgs. 446 a 450) 

Sem comentários:

Enviar um comentário